Nos últimos anos popularizou-se no Brasil a Intervenção baseada em ABA para o atendimento de pessoas dentro do espectro autista. A intervenção em ABA aplicada ao autismo baseia-se nos princípios da Análise do Comportamento e refere-se à aplicação dessa ciência na resolução de problemas humanos. Essa intervenção é considerada padrão ouro, pois tem inúmeros trabalhos publicados comprovando a sua efetividade.
Entretanto, com a popularização dessa intervenção, muitos profissionais passaram a ofertar esse serviço sem ter uma formação adequada, aproveitando-se do boom na internet sobre o tema e divulgando seus serviços como “método ABA”.
A Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC) alerta que é difícil encontrar profissionais com formação adequada no país, fora dos grandes centros e na rede pública (ainda faltam profissionais qualificados). A ABPMC também alerta que com a grande procura de profissionais pelas famílias, notou-se uma precarização dos serviços prestados, muitos profissionais com formação incipiente passaram a ofertar o serviço após fazerem um curso de fim de semana sobre “método ABA”. Por fim, um prestador de serviço sem formação adequada oferta uma intervenção ineficiente, afetando diretamente a vida daquela sujeito neurodiverso e da sua família. Conforme apontado pela ABPMC: “toda e qualquer intervenção baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) requer a atuação de profissionais habilitados, qualificados e treinados. Uma pessoa submetida a uma intervenção sem a condução, orientação e/ou aplicação por profissional capacitado, encontra-se comprometida, assim como encontra-se gravemente comprometido todos os resultados”.
Uma intervenção comportamental baseada em ABA de qualidade é guiada por dados produzidos pela ciência, envolve uma série de análises, é passível de replicação e exige um profissional qualificado para a sua implementação. A intervenção tem por objetivo promover o desenvolvimento em diferentes áreas de modo simultâneo, ampliando e/ou ensinando habilidades acadêmicas, sociais, cognitivas, linguagem, independência na vida diária, redução de comportamentos problema, entre outros.
O primeiro passo para início dessa intervenção é a realização de uma avaliação para levantamento do repertório inicial do indivíduo, descrevendo quais as habilidades existentes, e os déficits e excessos presentes. A partir dessa avaliação é construído um programa de ensino individualizado no qual são descritos os objetivos a serem alcançados a curto e longo prazo exclusivamente para esse indivíduo. São implementadas estratégias de ensino comprovadamente eficazes e estratégias para generalização das habilidades aprendidas para outros ambientes, pessoas e estímulos. Além disso, e muitíssimo importante, os dados sobre a aquisição dessas habilidades são cuidadosamente registrados e servem de guia para modificação e decisões a respeito da intervenção. Registrar e analisar dados é imprescindível em qualquer intervenção baseada em ABA, pois um bom cientista do comportamento é sempre e fundamentalmente guiado pelos dados. Considerando a magnitude dessa intervenção, o serviço é composto por um supervisor, responsável por tomar decisões a respeito do programa de ensino e um técnico ou aplicador, responsável pela implementação dos procedimentos de ensino e modificação de comportamento problema.
Então pais e cuidadores: pesquisem, não tenham vergonha de questionar, peçam currículos, avaliem com cuidado ao escolher um prestador de serviço para os seus filhos ou familiares, pois uma intervenção comportamental em ABA de qualidade pode proporcionar grandes conquistas para o seu filho(a).
Para saber mais informações e acessar o texto na íntegra publicado pela ABPMC visite: http://abpmc.org.br/arquivos/publicacoes/1573747918c4a1d8066715.pdf?fbclid=IwAR0VEK2SGCyV8t7dWkqBtjBDL3kDXffmzOZRkGpRbMiM-0d2ChY9jn9EhHE.