Quando pensamos no trabalho com crianças de dois anos e até menos, podemos pensar “O que dá para fazer com uma criança tão pequena?”. A maioria das pessoas pensa logo em terapias que envolvem conversas entre duas pessoas, o que em muitos casos é a realidade. A Terapia ABA, por sua vez, é uma forma de intervenção que trabalha comportamentos alvo da criança. Por exemplo, bebês mesmo antes de falar conseguem olhar no olho quando chamam ele pelo nome, e também seguem instruções como mandar beijo e bater palminha. Imitam ações com brinquedos, apontam as partes do próprio corpo, etc. Assim, esses comportamentos acabam sendo pré-requisitos para respostas mais complexas como falar o nome das coisas ou responder perguntas.
Sabemos da ansiedade das famílias em ver seu filho falar, mas tem muitos comportamentos que devem ser desenvolvidos antes da criança emitir as primeiras palavras funcionais. Nesse sentido é desenvolvido um programa de intervenção, com tarefas de ensino em contextos mais estruturados (DTT) ou em contextos mais naturais (Ensino Naturalístico). Geralmente usamos os dois formatos no trabalho com a maioria das nossas crianças. O que vai dizer o quanto usar de cada um desses formatos é o perfil da criança, o quanto ela consegue aprender em ambientes mais naturais, e o quanto ela precisa de ambientes mais estruturados para aprendizagem acontecer.
De modo geral, usamos dicas físicas, verbais, visuais para ajudar a criança a ter sucesso nas tarefas de ensino. Também usamos itens preferidos (brinquedos, por exemplo) para reforçar essas respostas e garantir que elas vão aumentar de frequência no repertório do paciente. Podemos começar com o ensino de repertórios que são pré-requisitos da fala, no entanto, o trabalho é individualizado e personalizado. Se uma criança, já chega para avaliação com respostas de falante, pedindo e nomeando coisas, por exemplo, vamos elaborar um plano de ensino para ampliar essas habilidades, para que elas sejam as mais próximas do repertório de uma criança neurotípica da mesma faixa etária. Assim, trabalhamos com diversos comportamentos de acordo com a avaliação feita de cada criança. Os dados são coletados continuamente para avaliar o procedimento e o comportamento alvo da intervenção.
Muitos comportamentos alvo podem ser ensinados: a imitação, a compreensão auditiva, a vocalização, entre outros.Utilizamos DICAS físicas, visuais, vocais e gestuais, e aapresentação de itens preferidos pela criança após resposta para o ensino de diversas habilidades. Por exemplo, quando estamos ensinando a imitação "dar tchau" e a criança permanece imóvel, pegamos sua mão e balançamos como se ela estivesse dando tchau (essa é uma dica física), depois apresentamos a consequência da imitação feita por ela, que pode ser comestíveis, brinquedos, desenhos animados, enfim, itens que a criança mais gosta. Assim, com o tempo reduzimos e retiramos as dicas e fortalecemos a resposta independente do paciente.