O primeiro passo para uma intervenção em ABA é a avaliação das habilidades atual da criança. Há um número de avaliações disponíveis, e o terapeuta ABA deve tentar obter uma avaliação que seja tão abrangente quanto possível. Aqui não falaremos da avaliação diagnóstica, ou seja, aquela avaliação em que o médico classifica o indivíduo como “Transtorno do Espectro Autista” ou “Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade”, etc. Para um analista do comportamento o diagnóstico em si não é o mais importante. Trabalhamos com comportamentos que devem ser fortalecidos ou enfraquecidos no repertório do indivíduo para que ele possa ter um alto nível de adaptação social e autonomia.
Avaliação do desenvolvimento. Avaliações do desenvolvimento fornecem informações sobre como a criança está se desenvolvendo em todas as áreas, em comparação com as crianças de mesma idade. Avaliações do desenvolvimento medem a cognição, comunicação, funções motoras, adaptação e habilidades sociais. Em português, gosto muito do Inventário Portage Operacionalizado no mapeamento dos marcos do desenvolvimento e avaliação. A partir desse tipo de avaliação, é possível identificar áreas do desenvolvimento e comportamentos alvo que devem ser foco de intervenção. Por exemplo, crianças com atraso motor podem ser ainda mais estimuladas nesse aspecto, aumentando assim a frequência de exercícios motores no seu dia a dia.
Avaliações referenciadas a critério. Avaliações referenciadas a critério fornecem informações sobre as habilidades que existem no repertório do indivíduo. Essas avaliações não são projetadas para diagnosticar ou medir o atraso, mas sim para determinar quais habilidades a criança é capaz de executar, bem como quais competências ela deve aprender em seguida. Além disso, essas avaliações são excelentes para o desenvolvimento de programa de ensino. O VB-MAPP (mapa do comportamento verbal), por exemplo, possibilita acompanhar o desenvolvimento da linguagem do indivíduo desde o momento em que ele é não verbal (não fala) até o desenvolvimento de habilidades mais refinadas como leitura e escrita. Cada habilidade deve atingir critérios (ex: pedir itens preferidos) para que novas habilidades possam ser ensinadas (ex: pedir itens preferidos com verbo e complemento).
Avaliações de Preferência. As avaliações de preferência identificam itens (brinquedos, jogos, desenhos, alimentos, atividades) preferidos da criança que possam ser usados como reforçadores (recompensas) no ensino. O aluno submetido a intervenção em ABA deve passar por essas avaliações tão frequentemente quanto necessário, por exemplo, diariamente se necessário. Conhecer quais itens motivam a criança e manter essa motivação durante a sessão é fundamental para a eficácia da intervenção. Se uma criança não mantém o interesse nos itens selecionados, novos devem ser apresentados e avaliados.
Análise Funcional do Comportamento. Através de uma análise funcional do comportamento é possível identificar quais variáveis mantém determinados comportamentos, especialmente aqueles disfuncionais e problemáticos como a agressividade. Identificando essas variáveis é possível criar estratégias para modificá-las e assim diminuir comportamentos inadequados.
As avaliações em ABA devem ser frequentes e servem de bússola para que as intervenções possam ter alta qualidade. Elas não só se tornam linha de base para o início dos programas, mas também fornecem indicativos de progresso (ou a falta deles) das intervenções escolhidas. A possibilidade de avaliação constante através de registros, também auxilia no processo de escolha e mudança dos procedimentos em ABA.
Por Luiza de Moura Guimarães